Prisão de Ventre – Sintomas, causas e o que fazer

Prisão de ventre

A prisão de ventre é um problema comum que afeta pessoas de todas as idades, sendo um sintoma e não uma doença. Na maioria dos casos é temporária e sem gravidade.

A prisão de ventre pode afetar desde bebés, crianças e adultos, sendo as mulheres mais afetadas do que os homens. Há também uma maior incidência nas pessoas mais idosas do que nas mais jovens, provavelmente pela sua dieta, por serem tendencialmente menos ativas, por apresentarem um metabolismo mais lento e também um uso mais frequente de medicamentos. Cerca de 40% das mulheres grávidas referem obstipação durante a gravidez, o que pode ser explicado pelas mudanças hormonais e pelo facto do bebé dentro do útero pressionar os intestinos, retardando a passagem das fezes.

O que é a prisão de ventre?

A prisão de ventre (ou obstipação) é uma perturbação intestinal caracterizada por dejeções pouco frequentes ou pela diminuição no volume ou peso das fezes, havendo necessidade de fazer uma maior força para esvaziar completamente o reto ou ainda a necessidade do uso de clisteres, suspositórios ou laxantes para manter a regularidade do trânsito intestinal, o que acaba por afetar a qualidade de vida.

Quando a obstipação aparece de forma pontual e dura pouco tempo, é referida como uma obstipação aguda, quando é persistente e requer acompanhamento médico, é referida como uma obstipação crónica.

Normalmente, na presença deste quadro, as fezes ficam mais duras e secas.

Prisão de ventre

Sintomas da prisão de ventre

Os sintomas mais frequentes da prisão de ventre são:

  • Dificuldade persistente em evacuar, sendo necessário recorrer a manobras digitais ou medicação para ajudar na saída das fezes;
  • Fezes duras e fragmentadas;
  • Sensação persistente de mal-estar e desconforto no abdómen;
  • Menos de 3 evacuações por semana (ou uma redução recente do número de evacuações habitual).

Quando não devidamente tratada, pode causar hemorróidas, incontinência fecal ou impactação fecal, que traduz a acumulação de fezes secas e duras no reto.

A Escala de Bristol é uma ferramenta criada por um grupo de investigação da universidade de Bristol, em 1997. Tem o propósito de monitorizar as alterações da função intestinal, classificando as fezes em categorias numeradas, de acordo com aspetos qualitativos/observacionais. Os tipos 1 e 2 correspondem a obstipação leve ou grave, sendo este um melhor preditor de saúde do que a frequência da evacuação.

Prisão de ventre

Causas da prisão de ventre

A principal causa da prisão de ventre está relacionada com um desequilíbrio na dieta alimentar, nomeadamente uma ingestão reduzida de fibra (presente nas frutas, legumes e cereais) e de líquidos, aliada a ausência de exercício físico.

Outras causas estão relacionadas com a mudança de rotina ou situações de ansiedade ou depressão.

O aparecimento da prisão de ventre pode também dever-se a patologias que afetam o intestino, como, por exemplo, algumas doenças neurológicas (esclerose múltipla, doença de Parkinson, lesões da medula) e metabólicas (diabetes, hipotiroidismo, insuficiência renal).

A prisão de ventre pode, ainda, ser causada por doenças próprias do intestino ou do ânus, como inflamações, zonas de estreitamento, aperto no intestino, tumores, fissura anal, entre outras.

A prisão de ventre pode também ser causada por alguns medicamentos, tais como:

  • Analgésicos;
  • Antidepressivos;
  • Tranquilizantes;
  • Antihipertensores;
  • Diuréticos;
  • Suplementos de ferro e de cálcio.

O que fazer para evitar a prisão de ventre?

De forma a evitar a prisão de ventre é muito importante disciplinar os hábitos alimentares: ingerir alimentos com fibra e beber bastantes líquidos, conciliando com exercício físico regular (pois estimula a função intestinal).

Para além dos cuidados com a alimentação e do exercícido físico, importa reforçar a necessidade de existir tempo e privacidade na casa de banho, bem como não ignorar o estímulo para a evacuação.

Prisão de ventre

Estratégias a implementar:

  1. Ingerir alimentos ricos em fibra, tais como: cereais (farelo, flocos, pão e bolachas integrais), fruta (ameixa, pêssego, frutos de polpa, frutos tropicais), legumes e leguminosas (feijão, grão, ervilha, fava);
  2. Fazer atividade física regular (marcha, ginástica, natação);
  3. Colocar os pés em cima de um banco quando se senta na sanita (como na posição de cócoras) – isso ajuda o músculo puborretal a relaxar, facilitando a evacuação;
  4. Rever os medicamentos que toma, de modo a perceber se eles são a causa da obstipação;
  5. Recorrer a laxantes, sempre com prescrição médica, em situações mais prolongadas.

O papel da fibra na prisão de ventre

A fibra alimentar de origem vegetal tem demonstrado diversos benefícios para a saúde, como, por exemplo, na prevenção de tumores do aparelho digestivo e da mama, mas também, na prisão de ventre (obstipação), hemorróidas e diverticulose. É constituída sobretudo por polissacáridos e substâncias associadas que, quando ingeridos, não sofrem hidrólise, digestão e absorção no intestino delgado. Portanto, tratam-se na verdade de hidratos de carbono indigeríveis, tendo diferentes graus de solubilidade em água e de fermentação.

Prisão de ventre

A fibra pode ser classificada em duas categorias, de acordo com a sua capacidade de se dissolver na água: fibras solúveis e insolúveis.

Fibras solúveis

As fibras solúveis são: as gomas provenientes de plantas (ex.: goma arábica, goma-guar, tragacanto) ou provenientes de algas (ex.: carragenanos, alginatos, agar) e ainda pectinas de frutos e vegetais (ex.: frutoligossacaridos, inulina, glucomanano).

Estas são altamente fermentáveis pela flora intestinal tendo como principais propriedades: 

  • Absorver água;
  • Controlar o esvaziamento gástrico;
  • Fornecer substrato para as bactérias do cólon produzirem substâncias benéficas, como os ácidos gordos de cadeia curta (butirato, propionato e acetato);
  • Fixar os ácidos biliares e aumentar a sua excreção;
  • Reduzir o colesterol;
  • Melhorar a tolerância ao açúcar.

Os alimentos mais ricos em fibras solúveis são:

  • Algas;
  • Cereais integrais;
  • Aveia;
  • Leguminosas secas;
  • Frutos oleaginosos;
  • Cevada;
  • Linhaça;
  • Frutas (citrinos, morangos, banana, maçã, manga e kiwi), cenoura e féculas (batata, mandioca e inhame).

Fibras insolúveis

As fibras insolúveis e não fermentáveis são: a celulose, a lenhina e algumas hemiceluloses. Estas constituem a componente estrutural das plantas, ou seja, “o esqueleto”, as partes fibrosas dos caules e talos das folhas. Por serem tão consistentes e rígidas passam o aparelho digestivo praticamente intactas, tendo como funções aumentar a massa fecal, favorecendo a sua passagem através dos intestinos. Deste modo, estas fibras promovem os movimentos intestinais, o que permite prevenir a prisão de ventre. Para além disso, absorvem ainda toxinas provenientes dos alimentos e da flora intestinal, favorecendo um ambiente estável no cólon.

Os alimentos mais ricos em fibras insolúveis são:

  • Vegetais de folha verde;
  • Cereais integrais;
  • Farelo de trigo.

A baixa ingestão de fibra é, sem sombra de dúvida, a causa mais frequente da obstipação!

Recomenda-se um consumo médio diário de 20 a 35 gramas.

É importante também ter um consumo equilibrado dos dois tipos de fibras. A ingestão única ou em excesso de um só tipo pode levar à inflamação intestinal, diarreia ou mesmo prisão de ventre. Se este último for o seu caso, não deve aumentar somente o consumo de uma fruta ou verdura específica, em vez disso, deverá diversificar as fontes e combinações de fibras.

Eis um exemplo de alimentos que deveria consumir num dia para atingir a dose recomendada de fibra

  • 1 pão de cereais (70g); 
  • 4 colheres de sopa de flocos de aveia integral;
  • 5 colheres de feijão frade cozido; 
  • 4 colheres de arroz integral cozido; 
  • ½ prato de salada mista ao almoço; 
  • 1 tigela de legumes cozidos ao jantar; 
  • 1 punhado de nozes; 
  • 1 colher de sopa de linhaça moída ou de sementes de chia;
  • 2 frutas frescas ou secas (ameixas, tâmaras, figos).

Para saber mais sobre receitas com fibra clique aqui.

Benefícios da fibra

Em suma, os benefícios da fibra são:

  • Apresenta um feito benéfico no controlo da diabetes;
  • Reduz a obstipação e melhora o trânsito intestinal;
  • Aumenta o efeito de saciedade;
  • Tem um efeito hipocolesterolémico, ou seja, o seu consumo leva a uma redução dos valores séricos de colesterol;
  • Apresenta um efeito preventivo no desenvolvimento da patologia cardiovascular;
  • Apresenta um efeito protetor no desenvolvimento de cancro, especialmente, no cancro do cólon.

Conclusão

Prisão de ventre

Uma alimentação equilibrada e variada, rica em frutas, legumes e cereais integrais proporciona todos os benefícios das fibras alimentares, prevenindo assim a prisão de ventre.

Porém, em casos específicos de doenças ou intolerâncias intestinais, como a doença celíaca, a colite, a doença de Crohn, a diverticulite, entre outras, a alimentação deverá ser adaptada, não sendo aplicáveis pressupostos gerais.

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