Colite ulcerosa: tudo o que precisa de saber

O que é a colite ulcerosa?

A Colite Ulcerosa é uma inflamação crónica do colón (intestino grosso), que ocorre frequentemente em adolescentes e jovens adultos, mas que também pode ocorrer em pessoas mais velhas. Os sintomas podem incluir dor abdominal, desejo urgente de evacuar, diarreia e sangue nas fezes. A inflamação tem início no reto e estende-se ao cólon de modo continuado. Apesar de, no momento, não haver conhecimento de uma cura, existem várias terapêuticas que podem ajudar a controlar eficazmente a inflamação.

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Função do cólon

A principal função do cólon é absorver o excesso de água e os sais da matéria fecal (o que sobra depois de a comida ter sido digerida – após o processo da digestão). Do mesmo modo, também armazena a matéria fecal sólida e converte-a em fezes que são posteriormente expelidas pelo ânus.

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Colite ulcerosa e digestão

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A fase mais importante da digestão processa-se no intestino delgado, que se situa mesmo abaixo do estômago. No estômago, os sucos digestivos provenientes do fígado (bílis) e do pâncreas misturam-se com os alimentos. Esta mistura é reforçada pela ação dos músculos existentes na parede abdominal. Tendo sido divididos em pequenas moléculas (resultado do processo da digestão), os alimentos digeridos são absorvidos pela superfície do intestino delgado e distribuídos no resto do organismo pela corrente sanguínea.

De seguida, os resíduos alimentares que contêm água e que não foram digeridos no intestino delgado, passam para o intestino grosso, que vai reabsorver muita da água presente no intestino delgado. Assim, os resíduos alimentares sólidos não digeridos deslocam-se, então, para o intestino grosso, sendo posteriormente eliminados.

No caso da colite ulcerosa, o intestino delgado funciona corretamente, pois apenas o intestino grosso é afetado. No entanto, os alimentos que não são completamente digeridos, ao passarem pelo intestino grosso, interferem com a reserva de água, mesmo que este não esteja danificado. Como o cólon está inflamado, não reabsorve a água corretamente, o que pode provocar diarreia.

Causas da colite ulcerosa

Os fatores principais que se acredita, estarem na origem da colite ulcerosa são:

  • Ambiental;
  • Genético;
  • Uma reação inadequada do sistema imunitário.

É provável, que uma pessoa herde um ou mais genes que a tornam suscetível à colite ulcerosa. Isto, combinado com uma alteração ambiental, despoleta uma reação anormal do sistema imunitário. No entanto, ainda não foi possível idenificar o agente ou os agentes ambientais que despoletam esta reação, no entanto, seja qual for o agente, este leva o sistema imunitário humano a “acionar-se” e a atacar o intestino grosso e, assim, ocorre a inflamação. Infelizmente, o sistema imunitário não se “desliga” e a inflamação não desaparece, acabando por danificar a mucosa e dando origem aos sintomas da colite ulcerosa.

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Tipos de colite ulcerosa

Os sintomas da colite ulcerosa podem variar dependendo do grau de inflamação e da localização da doença no intestino grosso. Por esta razão, é muito importante saber qual é a parte do intestino afetada:

  • Proctite ulcerosa: neste caso, a inflamação do cólon localiza-se no reto. Uma vez que esta abrange somente uma pequena área (normalmente menos de 15cm) do reto, a proctite ulcerosa é considerada uma forma leve de colite ulcerosa. Alguns dos sintomas são sangramento retal, necessidade urgente de evacuar e dor na região do reto;
  • Proctosigmoidite: trata-se de uma colite que afeta o reto e o cólon sigmoide (é a porção terminal do cólon acima do reto). Os sintomas incluem diarreia sanguinolenta, cólicas e tenesmo (é a urgência em ir à casa de banho não acompanhada de evacuação). Quando a doença está ativa, pode-se sentir dor moderada na
    região inferior esquerda do abdómen;
  • Colite distal: quando a inflamação inicia no reto e se estende até à flexura esplênica (é a curvatura no cólon perto do baço na região superior esquerda do abdómen). Os sintomas incluem perda de apetite, perda de peso, diarreia com sangue e dor aguda no lado esquerdo do abdómen;
  • Pancolite: quando a inflamação afeta todo o cólon. Os sintomas incluem perda de apetite, diarreia com sangue, dor abdominal aguda e perda de peso.
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Diagnóstico da colite ulcerosa

O diagnóstico da colite ulcerosa pode ser feita com base nalguns exames, tais como:

  • Colheita de fezes: é usada para excluir a existência de inflamação ou detetar a existência de sangue nas fezes;
  • Análises ao sangue: pode detetar a existência de uma inflamação e anticorpos;
  • Sigmoidoscopia: examina o reto e a porção terminal do intestino grosso;
  • Colonoscopia: examina todo o cólon e o intestino delgado.
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Sintomatologia da colite ulcerosa

No que dize respeito à sintomatologia associada à colite ulcerosa, alguns exemplos são:

  • Diarreia: a mucosa do intestino (devido à inflamação) perde a capacidade de absorver a água da matéria fecal, orginando a diarreia;
  • Fezes com sangue: eventualmente, a perda de sangue pode dar origem a uma diminuição na contagem de glóbulos vermelhos no sangue, também denominada anemia — o que pode causar fadiga;
  • Desejo urgente de evacuar e dor abdominal (cólica): estes dois sintomas podem originar perda de apetite e, consequentemente, perda de peso;
  • Problemas de desenvolvimento e crescimento (no caso das crianças).
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Tratamento na colite ulcerosa

Existem tratamentos eficazes que ajudam a controlar a colite ulcerosa e levam à remissão da doença. Estes tratamentos atuam na diminuição da inflamação da mucosa intestinal, permitindo o seu restabelecimento. Do mesmo modo, os tratamentos aliviam os sintomas de diarreia, sangramento retal e dor abdominal.

Os dois objetivos primordiais do tratamento são levar a colite a entrar em estado remissivo e, logo que tal objetivo seja alcançado, manter este estado. Se não for possível alcançar o estado remissivo, o próximo objetivo é tratar a doença, de modo a melhorar a qualidade de vida do paciente. Alguns dos medicamentos prescritos
podem ser os mesmos (nas diferentes fases da doença), mas são prescritos em dosagens diferentes e por períodos diferentes de tempo.

Importa reforçar que não existe um tratamento que englobe todos os casos de colite ulcerosa. A abordagem
feita à doença deve adaptar-se a cada caso, até porque a doença varia de pessoa para pessoa.

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Fármacos

As crises podem indiciar a necessidade de alterar a dosagem, a frequência ou o tipo de medicação. Apesar
de os medicamentos usados para tratar a colite ulcerosa, se destinarem a controlar a inflamação e a manter o estado remissivo, também podem ser usados para lidar com os sintomas de uma crise.

Os medicamentos que são frequentemente prescritos inserem-se em 4 categorias:

  • Aminossalicilatos: incluem medicamentos que contêm ácido 5-aminossalicílico (5-ASA). Exemplos destes são Mesalamina, Sulfassalazina. Estes medicamentos atuam ao nível da mucosa intestinal para diminuir a inflamação. Também são úteis para manutenção da remissão clínica;
  • Corticosteroides (Corticoides): estes medicamentos inibem a capacidade do corpo de desencadear e manter a inflamação. Adicionalmente, também atuam para manter o sistema imunitário e são eficazes no controlo de crises de curta duração. No entanto, não são recomendados em tratamentos de longa duração e de manutenção, devido aos efeitos secundários;
  • Imunomoduladores: esta classe de medicamentos modula a reação do sistema imunitário, de maneira a impedir que este desencadeie uma inflamação continuada. Os imunomoduladores são geralmente usados em casos onde os Aminossalicilatos e os Corticosteroides não surtiram efeito ou produziram efeitos parcialmente eficazes;
  • Fármacos biológicos: os fármacos biológicos, também denominados agentes anti-TNF representam a última categoria de terapêuticas usadas para o tratamento da colite ulcerosa em pessoas que não tenham reagido bem às terapêuticas convencionais. TNF (tumour necrosis factor) é uma substância produzida pelo nosso corpo com o objetivo de provocar uma inflamação.

As crises podem indiciar a necessidade de alterar a dosagem, a frequência ou o tipo de medicação. Apesar
de os medicamentos usados para tratar a colite ulcerosa, se destinarem a controlar a inflamação e a manter o estado remissivo, também podem ser usados para lidar com os sintomas de uma crise.

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Recomendações alimentares na colite ulcerosa

A verdade é que não existe uma dieta específica em casos de colite ulcerosa.

A maioria das pessoas tolera todo o tipo de alimentos e não necessita de uma dieta restrita. Contudo, algumas pessoas reportam alguns sintomas como cólicas intestinais e diarreia quando consomem lacticínios, facto que não é tão comum nas crianças.

De um modo geral, é recomendado manter uma alimentação diversificada, ainda que para isso se
tenha de evitar ou restringir o consumo específico de determinado alimento. A experiência individual é ainda a melhor forma de cada pessoa selecionar os alimentos que potenciam sintomatologia.

Pode ser útil manter um diário alimentar para registar o que come e bebe, como se sente e os seus sintomas. Pode utilizar este diário para analisar e detetar quaisquer padrões.

Poderá ser necessário nalgumas situações ter uma maior atenção com os alimentos ricos em fibra. Os alimentos ricos em fibra são todos os alimentos que adicionam resíduos às fezes. Alguns exemplos são: a fruta crua, os vegetais, as sementes, os cereais integrais e os frutos secos, o grão e todo o tipo de cereais. No caso dos sumos de fruta que não contenham polpa, não têm fibra na sua composição.

De seguida listam-se algumas dicas úteis:

  • Reduza a ingestão de fritos ou gorduras, uma vez que estas podem causar diarreia ou flatulência;
  • Faça refeições mais pequenas e com intervalos mais curtos;
  • Reduza o consumo de leite e dos seus derivados;
  • Evite o consumo de bebidas gaseificadas, se tiver flatulência.
  • Evite o consumo de cafeína (principalmente em situações de diarreia, uma vez que a cafeína pode agir como laxante);
  • As comidas “leves” são mais facilmente toleradas do que as comidas condimentadas;
  • Evite o consumo de alimentos com alto teor de fibra, como é o caso de frutos de casca dura, sementes, milho e pipocas. Este tipo de alimentos não é totalmente digerido pelo intestino delgado e pode causar diarreia e mal estar.
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Deve evitar-se o leite?

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É sempre desejável consumir alguns lacticínios, uma vez que estes alimentos são boas fontes de cálcio e proteínas. Contudo, algumas pessoas não digerem adequadamente a lactose (o açúcar presente no leite e seus derivados), independentemente de terem ou não colite ulcerosa. Isto pode dever-se à perda de uma enzima digestiva, a lactase, na mucosa do intestino delgado. Uma digestão deficiente da lactose poderá causar
dores abdominais, diarreia, gases e distenção abdominal.

Para saber mais sobre a colite ulcerosa clique aqui.

Conclusão

A colite ulcerosa pode ser uma doença crónica, mas não é uma doença fatal. Não há dúvida que a vida com esta doença é um desafio – é preciso tomar medicação e ocasionalmente fazer ajustes. É importante lembrar que a maioria das pessoas com colite ulcerosa consegue ter uma vida rica e produtiva.

Na colite ulcerosa deverá seguir uma dieta adequada, incluindo alimentos de todos os grupos alimentares (dentro da sua tolerância).

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