A diabetes é uma doença que pode surgir nas diferentes fases do ciclo de vida, tanto na infância como na adolescência ou na idade adulta. Apesar dos esforços que se têm vindo a reunir para combater esta doença, a prevalência tem vindo a aumentar.
Diabetes
Definição
A diabetes é uma doença crónica, que resulta da produção insuficiente de insulina, por parte do pâncreas, ou da incapacidade do organismo de utilizar a insulina produzida.
Em primeiro lugar, é importante perceber como é que tudo se processa num organismo saudável:
Então, quando ingerimos alimentos com hidratos de carbono (simples ou complexos), estes são digeridos e absorvidos sob a forma de açúcares simples (glicose, frutose, galactose) para a corrente sanguínea. Uma vez no sangue, existem duas vias metabólicas possíveis de regulação:
- Captação de açúcar pelo fígado (transformação de açúcar em energia ou em gordura);
- Produção de insulina pelo pâncreas e subsequente captação do açúcar pelas células para obtenção de energia (ex: cérebro, músculo, hemácias), isto é, a célula precisa de energia (glicose) para executar as suas funções e a insulina é necessária para a entrada da glicose na célula, sem ela não é possível a sua entrada e posterior utilização.
Tipos de diabetes
Existem vários tipos de diabetes, sendo os mais frequentes:
Diabetes tipo 1: quando o pâncreas produz pouca ou nenhuma insulina. Neste caso, desconhecem-se as causas, os fatores de risco e os modos de prevenção. Geralmente aparece ainda na fase da infância ou adolescência e são necessárias injeções diárias de insulina;
Diabetes tipo 2: quando o organismo não utiliza a insulina de forma eficaz (há uma resistência à insulina). Este tipo é mais frequente que o tipo 1 e geralmente aparece na idade adulta;
Diabetes gestacional: quando há uma alteração no metabolismo da glicose, diagnosticada durante a gravidez.
Fatores de risco para o aparecimento da diabetes
É importante perceber que no caso da diabetes tipo 2, esta é uma doença metabólica, que provém de uma combinação de diversos fatores comportamentais e ambientais (sendo o principal, o estilo de vida):
- Antecedentes familiares;
- Alimentação inadequada;
- Sedentarismo;
- Excesso de peso e obesidade (especialmente se houver elevada gordura visceral – na zona do abdómen);
- Idade avançada;
- Doenças cardiovasculares.
Foquemo-nos agora na alimentação inadequada:
Tudo começa quando comemos demais para as nossas necessidades, quando ingerimos alimentos/bebidas de alta densidade energética (muito calóricos) e quando ingerimos alimentos com muito açúcar. A resposta do organismo é a seguinte:
- Produz reservas de gordura a partir do excesso de energia ingerida;
- O fígado fica sobrecarregado e rodeado de gordura (“fígado gordo” = esteatose hepática);
- O pâncreas produz grandes quantidades de insulina para baixar o açúcar no sangue.
Ao longo do tempo a pessoa vai engordando, o fígado vai ficando cada vez mais sobrecarregado, mas também o pâncreas vai ficando mais cansado, não produzindo as mesmas quantidades de insulina. Por outro lado, as células dos vasos sanguíneos vão-se tornando resistentes à ação da insulina (o que obriga o pâncreas a produzir ainda mais insulina), numa tentativa de não deixarem o açúcar entrar nas células e controlar a produção da gordura.
Quanto maior o excesso de peso, maior a resistência das células à entrada do açúcar, especialmente quando se trata de gordura visceral/abdominal!
Resultado: excesso de açúcar no sangue ou hiperglicemia.
Valores da glicemia
Mas quando é que o excesso é considerado diabetes?
Normalmente, a concentração de açúcar (glicemia) vai subindo de forma gradual, dando sinais de alerta. Deve-se preocupar quando a glicemia em jejum está entre 100 e 125mg/dl (pré-diabetes). A diabetes é diagnosticada quando a concentração de glicose no sangue, em jejum, é ≥126 mg/dl.
Sintomas da diabetes
- Sede excessiva;
- Urinar frequentemente;
- Fome constante;
- Alterações da visão;
- Cansaço.
No entanto, nem todas as pessoas que apresentam estes sintomas têm diabetes. Por outro lado, é possível ter diabetes e não apresentar sintomas.
Tenho diabetes, e agora?
É fundamental seguir 3 pilares, de forma a melhorar o controlo glicémico, diminuindo, assim, a morbilidade e mortalidade relacionada com as complicações da doença, através de:
- Prática de exercício físico;
- Medicação, quando necessário;
- Alimentação saudável, baseada nos princípios da Roda da Alimentação Mediterrânica.
Alimentos a preferir
- Alimentos ricos em hidratos de carbono complexos: leguminosas, pão, massa, batata, fruta.
A quantidade, o tipo ou a fonte dos hidratos de carbono ingeridos são os maiores determinantes dos níveis de glicose pós-prandial (níveis de glicose após 2 horas da última refeição). Dada a importância deste nutriente na alimentação, a terapia nutricional torna-se crucial na gestão da doença.
- Alimentos ricos em fibra: fruta, hortícolas, leguminosas, cereais e derivados.
Estes alimentos auxiliam na redução da glicemia após a refeição, na redução dos níveis plasmáticos de colesterol, no aumento da saciedade, no controlo do peso e da motilidade intestinal.
- Alimentos ricos em ácidos gordos monoinsaturados: azeite e óleo de amendoim.
São responsáveis pelo aumento do colesterol HDL (o colesterol designado de “bom”) e pela diminuição de risco cardiovascular.
Alimentos a evitar
- Açúcar ou alimentos ricos em açúcar: refrigerantes, bolos, chocolates, compotas, rebuçados;
- Alimentos ricos em gorduras saturadas e trans: produtos de charcutaria, snacks, batatas fritas, bolos, chocolates;
- Bebidas alcoólicas: vinho, cerveja, bebidas brancas.
Recomendações adicionais
- Optar pela água enquanto bebida preferencial ao longo do dia;
- Privilegiar métodos de confeção simples e saudáveis, como os grelhados, cozidos, estufados em cru, sopas, ensopados e caldeiradas;
- Utilizar especiarias e ervas aromáticas para temperar, em detrimento do sal;
- Cumprir o intervalo indicado entre refeições (em média, de 3 em 3 horas);
- Procurar o auxílio de um Nutricionista para a estruturação de um plano alimentar personalizado e para eventual implementação de um modelo de contagem de hidratos de carbono.
Sabia que…
Cerca de 70% dos casos de diabetes tipo 2 podem ser prevenidos através de medidas simples de modificação dos estilos de vida, que acarretam efeitos positivos e efetivos na diminuição do risco de desenvolvimento desta doença!
Conclusão
A diabetes é uma doença silenciosa e o seu controlo é essencial, mas tudo começa na prevenção. É importante que se mantenha ativo, comendo de uma forma saudável e equilibrada. Os excessos são para os dias de festas!
Para além disso, é importante haver uma monitorização dos valores da glicemia.
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